A nova série da Netflix, Os Quatro da Candelária, vai além da simples ficção. Inspirada em um dos episódios mais trágicos e impactantes da história brasileira — a Chacina da Candelária — a minissérie explora as vidas e sonhos das crianças afetadas por essa violência absurda que ainda ecoa no Brasil.
A série estreou em 30 de outubro e já vem emocionando e indignando quem assiste. Entenda!
Relembrando a Chacina da Candelária
Para quem talvez não conheça a fundo o caso, na madrugada de 23 de julho de 1993, um grupo de jovens que dormia na rua foi brutalmente atacado a tiros nas proximidades da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro.
Oito desses jovens, com idades entre 11 e 19 anos, perderam a vida, e outros ficaram feridos. O motivo? Uma série de ameaças feitas por policiais, que culpavam as crianças por incidentes anteriores.
Os responsáveis foram julgados, mas, ainda hoje, as consequências desse massacre mostram a frieza com que o sistema lida com determinadas situações que envolvem vulneráveis.
A Série: Quatro Histórias, Quatro Destinos
Os Quatro da Candelária é dividida em quatro episódios, cada um focado em um dos personagens principais: Douglas (interpretado por Samuel Silva), Jesus (Andrei Marques), Sete (Patrick Congo) e Pipoca (Wendy Queiroz).
No primeiro episódio, conhecemos Douglas, um jovem que comete erros na tentativa de oferecer um enterro digno para um amigo que considerava seu pai de coração, após o mesmo ter se oferecido para cuidar do garoto.
A série faz questão de humanizar essa figura, mostrando que, por trás das atitudes, havia um desejo profundo por carinho, amor e um lar.
Conforme avançamos, nos conectamos com Sete, Pipoca e Jesus — cada um com suas dores, sonhos e traumas, todos sobreviventes da brutalidade da vida nas ruas. É uma viagem pela realidade de crianças que, como tantas outras, enfrentam as consequências de um sistema que falha em protegê-las, especialmente quando essas não podem contar com um lar amoroso.
Uma produção com base real
Embora seja uma obra ficcional, Os Quatro da Candelária teve como base entrevistas com sobreviventes da época. A produção consegue equilibrar a dureza dos acontecimentos com toques de humanidade, mostrando as esperanças esmagadas por aquele massacre.
Além dos protagonistas, a minissérie conta com participações especiais de nomes conhecidos, como Bruno Gagliasso, Péricles e Leandro Firmino, que agregam ainda mais intensidade à trama.
A série não se esquiva de questionar o sistema judiciário e a maneira como ele trata a população em situação de rua. O desfecho é triste, como já é de se esperar, o que nos faz refletir sobre as falhas e omissões.
Ao terminar, a obra deixa a pergunta: por que esses jovens, que só queriam um pouco de afeto e segurança, tiveram que pagar com a vida? Talvez assistir seja o primeiro passo para entendermos o que podemos fazer para que histórias como essa não se repitam.
Formada em Marketing, apaixonada por boas histórias, gastronomia e viagens.
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