É Assim que Acaba: a controversa adaptação do bestseller de Colleen Hoover

Colleen Hoover conquistou o mundo com o livro É Assim que Acaba, publicado em 2016. A trama aborda temas delicados como violência doméstica, inspirada pela própria história familiar da autora, e desde então tem gerado debates intensos. 

Com o sucesso da obra, que vendeu mais de 1,3 milhão de cópias só no Brasil, uma adaptação cinematográfica era esperada e, em 8 de agosto de 2024, o filme finalmente chegou aos cinemas. No entanto, as polêmicas em torno da história e da adaptação continuam dividindo opiniões…

Enredo do livro e polêmicas em torno da romantização da violência

É Assim que Acaba conta a história de Lily Bloom, uma jovem que se apaixona pelo neurocirurgião Ryle Kincaid. Mas, o que parecia um relacionamento perfeito no início, logo se transforma em um ciclo de abuso físico e emocional. 

Lily, que cresceu em um lar marcado pela violência doméstica, encontra-se repetindo a história de sua mãe, enfrentando as mesmas dificuldades para deixar o relacionamento abusivo.

Muitos leitores elogiam a obra por abordar, de forma sensível, a complexidade das relações abusivas, ajudando a entender o ponto de vista das vítimas, de forma crua. 

Entretanto, a narrativa também recebeu críticas pesadas pela maneira como o abuso é tratado. Alguns acreditam que o livro acaba por romantizar certos aspectos da violência, especialmente porque Ryle é retratado com um passado trágico que, para alguns, parece justificar seu comportamento abusivo.

A adaptação para o cinema 

A adaptação cinematográfica foi assinada por Justin Baldoni, que também interpreta Ryle, enquanto Blake Lively assume o papel de Lily. 

A escolha dos atores gerou reações diversas, já que ambos são significativamente mais velhos do que os personagens do livro. Hoover justificou essa decisão como uma correção ao seu erro inicial, admitindo que a idade original dos personagens não era condizente com suas carreiras e experiências de vida.

Mesmo com a tentativa de retratar a história de forma mais realista e responsável, a adaptação também enfrenta críticas. 

Alguns fãs temem que o filme suavize os aspectos mais perturbadores do livro, enquanto outros esperam que a adaptação traga uma reflexão mais profunda sobre os desafios enfrentados pelas vítimas de abuso.

As cenas difíceis e a realidade do abuso

O filme não foge de cenas que expõem as realidades cruas da violência doméstica. Em várias ocasiões, o público é confrontado com a dor de Lily, seja através de flashbacks de sua infância, onde observa o comportamento abusivo do pai contra sua mãe, ou nas cenas de violência direta com Ryle. 

Essas representações não apenas chocam, mas também ajudam a retratar o ciclo de manipulação e controle que Lily enfrenta. 

Existem muitas opiniões contraditórias sobre as cenas… na segunda briga problemática do casal, vemos algo bem óbvio, onde, devido a uma crise de ciúmes, o namorado perde o controle e no meio da briga, Lily cai da escada. Ryle não parece se sentir culpado, e parece se preocupar mais com a forma que ela interpretou toda a briga e como ela se lembrava dos fatos. 

Na última crise de ciúmes de Ryle, vemos algo totalmente explícito e forte, onde o personagem comete um erro totalmente imperdoável. 

Essas cenas, que foram recebidas com desconforto e críticas, são fundamentais para transmitir a mensagem do livro. A violência é retratada de forma visceral, forçando o espectador a encarar o impacto devastador que esse tipo de abuso pode ter na vida de alguém. 

Reflexões finais

Apesar das controvérsias, É Assim que Acaba traz à tona questões importantes sobre relacionamentos abusivos, oferecendo uma perspectiva que pode ajudar tanto vítimas quanto aqueles que desejam entender melhor essa realidade. 

Para aqueles que já leram o livro ou assistiram ao filme, a história de Lily pode provocar reações mistas. No entanto, o mais importante é a conversa que ela suscita, convidando o público a refletir sobre temas sensíveis como as dificuldades emocionais que as vítimas enfrentam ao tentar romper o ciclo de abuso.

Para mim, a personagem principal teve um final adequado, tendo em vista que ela finalmente consegue se livrar dos fantasmas do passado e também consegue priorizar a si mesma e também a sua filha. 

Ficou bem claro que ela realmente amava seu ex-marido, mas não podia o perdoar por ter cometido erros tão graves. Afinal, com uma filha a caminho, ela gostaria de ser um exemplo para sua bebê, o que é extremamente válido diante de toda a situação.